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As 5 Áreas do Design Instrucional

O mercado de Design Instrucional pode parecer confuso. Quando não é apenas “o caos”. Precisei até criar um M-learning para explicar o conceito porque fica mais fácil esclarecer o assunto.

Gestão de conhecimento não é prioridade nas empresas, principalmente naquelas possuem diversos funcionários fazendo mais ou menos a mesma coisa. Se um faltar, alguém repõe. Também é comum encontrar colecionadores de mapeamento de processos, coaches de treinamento de alta performance e gurus de fórmulas mágicas de desempenho. Difícil mesmo é algum deles mostrar análises de resultados detalhados de longo-prazo.

Contudo, toda empresa jura que prioriza o treinamento e desenvolvimento de suas equipes.

De acordo com a McKinsey, mesmo que 86% dos executivos concordem que a inovação é fundamental para a estratégia de crescimento, apenas 6% deles estão satisfeitos com os esforços inovadores na sua empresa. Em outras palavras, as empresas precisam de estratégias inovadoras, mas estão com dificuldades para criá-las e implementá-las. 

Você pode achar que o designer instrucional é a área responsável por criar cursos bonitos, modernos e engajantes para a sua empresa. Algumas empresas acreditam que o designer instrucional deve pegar todo o conteúdo já gerado lá dentro e transformar em conteúdos bonitos, modernos e engajantes. Aliás, você já viu as empresas fazendo a gamificação de todas as tarefas diárias porque a que a conquista e a superação movem o ser humano

O design instrucional é composto de cinco grandes áreas. Como na medicina e suas especializações, a maioria dos designers instrucionais se destacam em determinadas áreas, seja por decisão profissional ou exigências dos trabalhos. 

A maioria dos médicos sabem como tratar uma gripe, mas a partir desse ponto eles são bem diferentes uns dos outros.  

Se você quer se certificar que sua empresa precisa de um designer instrucional (ou apenas descobrir se você precisa de um), você está no lugar certo.  

Empresas também se confundem 

Um consultor para valer a pena deve fazer julgamentos honestos, não necessariamente aqueles que ele acha que os clientes gostariam de ouvir. - Andrew Thomas 

Se você e sua empresa querem implementar o design instrucional, precisamos compreender como ele funciona, as diferenças entre os designers e o que significa ser um designer júnior, pleno e sênior. 

Empresas aprendem investindo no desenvolvimento consistente de seus colaboradores - ou contratando uma consultoria. Se uma empresa não investe em Gestão de Conhecimento e desenvolvimento das pessoas, apenas contratar um DI (porque está na moda) não mudara sua situação. 

Consultores ruins possuem um conhecimento limitado do design instrucional, aplicando o termo como um coringa para novas contratações, confiando que a descrição da vaga e o mercado trarão o candidato ideal para a solução dos problemas. 

Algumas empresas precisam urgentemente de esclarecimento1. É possível achar dúzias de anúncios com a descrição da vaga exigindo design instrucional, mas que demonstram a confusão no planejamento desses negócios e na contratação que pretendem fazer.

Ainda que certas descrições de vaga se sobreponham com a área de atuação design instrucional, em alguns casos é claro a tentativa de “forçar a barra” nessas contratações: 

  • Arquiteto de aprendizagem 
  • Analista de treinamento 
  • Analista em educação corporativa 
  • Analista de comunicação e negócios 
  • Analista de treinamento e desenvolvimento 
  • Analista de desenvolvimento organizacional 
  • Analista de desenvolvimento & treinamento 
  • Analista de recursos humanos em educação corporativa 
  • Analista de recursos humanos em treinamento e desenvolvimento 
  • Assistente administrativo de treinamento 
  • Assistente de design instrucional 
  • Administrador de LMS 
  • Conteudista 
  • Consultor de talentos e cultura 
  • Consultor de treinamentos 
  • Consultor de treinamentos trainee 
  • Coordenador de plataformas EAL/LMS/LXP 
  • Coordenador de treinamento 
  • Coordenador de projetos instrucionais 
  • Desenvolvedor em design instrucional 
  • Designer educacional 
  • Designer de interação 
  • Designer de aprendizagem 
  • Desenvolvedor instrucional 
  • Desenvolvedor eLearning
  • Desenvolvedor de cursos para ensino à distância 
  • Diretor educacional 
  • Diretor instrucional 
  • Especialista em treinamento 
  • Especialista EdTech 
  • Especialista educacional corporativo 
  • Fornecedor conteudista 
  • Gerente instrucional 
  • Gerente de educação 
  • Gerente de aprendizagem 
  • Gerente de programas instrucionais 
  • Gerente de oferta educacional 
  • Gerente de desenvolvimento humano organizacional 
  • Gerente de projetos em treinamentos 
  • Líder de aprendizagem 
  • Líder de design instrucional 
  • Mestre em treinamento e desenvolvimento (que na verdade é “assistente”) 

Quais são 5 áreas do design instrucional 

O design instrucional é composto de cinco grandes áreas.  

Pense na medicina e suas especializações.  Acho que todos os médicos sabem como tratar uma gripe, mas a partir desse ponto eles são bem diferentes uns dos outros.  

A maioria dos designers instrucionais se destacam em uma ou várias áreas, seja por decisão profissional ou por exigências dos trabalhos. Um designer instrucional pode desenvolver uma carreira inteira se especializando em apenas uma área, ou em várias.  

Essas cinco áreas são: 

  • Como os adultos aprendem: É o conhecimento fundamental do design instrucional. Se falamos de aprendizagem de adultos, estamos nos referindo a andragogia. Nas séries iniciais, falamos sobre pedagogia.  
  • Gerenciamento de projetos: Designers precisam gerenciar vários projetos instrucionais, seus prazos, deliverables, deadlines e, mais importante, orçamento. 
  • Colaboração com os especialistas no assunto: Os designers instrucionais trabalham com os especialistas no assunto (SMEs) porque são eles os especialistas no assunto da experiência de aprendizagem. O designer instrucional não é especialista em determina área de conhecimento e precisam colaborar com esses especialistas para criar e desenvolver as melhores soluções de aprendizagem. 
  • Pesquisa e análise: Designer instrucionais precisam saber muito sobre pesquisa e análise para encontrar a solução de aprendizagem precisa para seu público-alvo, sua audiência. Elas são usadas para identificar os problemas a serem resolvidos, as soluções disponíveis para desenvolvimento e sua implementação.
  • Tecnologia: Enfim as ferramentas de autoria, plataformas de aprendizado, mas não só. Tecnologia é área do design instrucional com evolução e mudanças mais rápidas de todas as cinco. 

Por que o design instrucional confunde tanto?  

Porque não importa a sua área de especialização (ou diversas delas), chamam todos de designer instrucionais. Todas as áreas são importantes no aprendizado. Todos os designers são importantes quando o foco é o aluno. 

Como os adultos aprendem 

Andragogia2refere-se a métodos e princípios usados na educação de adultos. A palavra vem do grego ἀνδρ- (andr-), que significa “homem”, e ἀγωγός (agogos), que significa “líder de”. Portanto, andragogia significa literalmente “liderando homens”, enquanto “pedagogia” significa literalmente “liderando crianças”. 

Entretanto, crianças e adultos aprendem praticamente da mesma forma (pensando sobre) e pelos mesmos motivos (por curiosidade ou por obrigação). 

Sabemos que várias técnicas e modelos para ensinar melhor adultos. Algumas demonstraram ser ferramentas úteis. Outras tantas são pura jogada de marketing e pura mágica, ainda que os adultos acreditem piamente que elas são verdadeiras (dica, elas não são, pesquisas sérias já comprovaram a falta de evidências de resultados). 

Por causa disso os designers instrucionais precisam conhecer muito bem a andragogia. Sua empresa quer gamificar todos os treinamentos por que é a palavra da hora? Essa abordagem vai gerar resultados positivos reais ou é apenas um modismo que pode prejudicar o desempenho da sua equipe? Um mapeamento de ações (ou seja, pesquisar os processos dinâmicos em que uma pessoa faz algo) pode indicar uma solução mais eficaz, barata e imediata? 

Não existe uma resposta única e definitiva pra a pergunta “como os adultos aprendem?” além do verbo “depender”.  

Como os adultos aprendem?  

Depende dos adultos e do que precisa ser apreendido. 

Gerenciamentos de Projetos 

Eu vejo as coisas dessa forma: se você terminou bem o segundo grau já teria direito a uma certificação do Project Management Institute®, porque você precisou gerenciar projetos de língua portuguesa, matemática, história, geografia, educação artística, educação física por mais de uma década. 

Gerenciar portfólios de projetos é uma habilidade importante, principalmente quando você é o responsável por todas as coisas relacionadas ao DI na empresa.

Um designer especialista em gerenciamento dos projetos instrucionais é um dos profissionais mais valorizados no mercado.

Ao mesmo tempo, algumas pessoas acreditam que essa habilidade é básica e inerente a qualquer designer instrucional.

O gerente de projetos de design instrucional é generalista por natureza. É seu trabalho entender todas as partes de todos os projetos sobre sua responsabilidade e, principalmente, saber se relacionar com a equipe envolvida no desenvolvimento de cada um. 

Outra tarefa vital é manter os projetos dentro o orçamento - habilidade importantíssima que nem precisa de explicação.

Saber gerenciar projetos é uma característica essencial para a diferenciação entre o designer instrucional júnior, pleno e sênior.

Colaboração com os especialistas no assunto 

Os designers instrucionais não são especialistas em uma área particular. O designer instrucional entra em uma parceria com um especialista no assunto (chamados carinhosamente de SMEs) para o desenvolvimento do conteúdo necessário pra a experiência de aprendizagem. 

Você pode conhecer mais sobre esse relacionamento nesse vídeo: 

Youtube video H48CgPmPphY

O especialista pode entender tudo sobre a sua área, mas é o designer instrucional o especialista em aprendizagem. O designer instrucional cria e desenvolve experiências focadas no aluno, em estreita colaboração com os SMEs, para as pessoas apreenderem as informações necessárias para seu desenvolvimento. 

Pesquisa e Análise 

Transformar dados em informação acionável é vital para o sucesso dos projetos de design instrucional. Pesquisa e análise são essenciais para esclarecer. 

Não importa a solução de aprendizagem (pense em um curso, um treinamento, um programa, um workshop, um webinar, seja lá o que for), o DI precisa saber sobre o público-alvo, a audiência, os problemas a serem resolvidos, as soluções disponíveis para desenvolvimento e sua implementação.  

Se você já tivesse as respostas não precisaria de um DI em primeiro lugar, não é mesmo? 

Além disso os designers instrucionais precisam pesquisar e analisar as inúmeras novidades que aparecem na área. Novas técnicas e ferramentas surgem a todo momento. Entender cada uma delas e saber aplicá-las é essencial para criar experiências de aprendizagem ainda mais eficazes. 

Aliás, você também precisa saber se as experiências de aprendizagem realmente funcionam. O designer instrucional pesquisa e analisa o desempenho das suas soluções, coleta feedbacks, analisa dados quantitativos ou qualitativos - ou seja, qualquer coisa necessária para garantir que a aprendizagem seja significativa e valiosa para as pessoas e para o negócio. 

Sempre há espaço melhorar algo que já está bom. 

Tecnologia 

Quando as pessoas pensam em design instrucional, tecnologia é a primeira coisa que passam pelas suas cabeças. 

Tecnologia são as ferramentas de autoria como o Adobe Captivate, Articulate Storyline, Articulate Rise, Vyond, mas não só.  

Tecnologia também é conhecer os ambientes onde o aprendizado acontece, como os Ambientes Virtual de Aprendizagem (AVA) ou Learning Management System (LMS)3, quando tratamos de educação à distância. 

Entretanto, a aprendizagem pode acontecer em outros lugares e de diversas formas, não apenas em cursos on-line. 

Pense na intranet da própria empresa, nos manuais impressos ou virtuais, nas comunicações internas, em quadros informativos físicos em corredores. Todos oferecem oportunidades de aprendizado que dependem, na prática, das necessidades do público-alvo. 

Todos esses cenários usam diferentes tecnologias, algumas tão antigas e já estabelecidas que nem pensamos mais nelas como “tecnologias”. Não podemos nos esquecer que são, sim, tecnologias.  

Cabe ao designer instrucional, quando desenvolve as soluções de aprendizagem, utilizar a melhor ferramenta para garantir a experiência de aprendizagem.  

Algumas soluções simples (até mesmo óbvias) geram mais resultados do que as novidades no mercado de DI.

Para concluir 

Pode parecer paradoxal uma área especializada em aprendizagem ser tão confusa. E se você pensa assim, concordo com você. 

Porém, não é a área que causa a confusão, e sim as empresas que precisam desesperadamente estruturar seus projetos de desenvolvimento e aprendizado. 

Em 2021, North , Shortt, Bowman e Akinkoulie divulgaram um estudo , usando o Talent Development Capability Model da ATD para determinar a frequência certas requisitos apareceram em 100 anúncios de emprego online para designers de aprendizagem.  

Eles descobriram as exigências que aparecem com mais frequência são: o design instrucional, a habilidade em entrega e facilitação, aplicação de tecnologia, comunicação e capacidades de colaboração e liderança. Mas cada uma desses requisitos significava coisas completamente diferentes dependendo da empresa: 

Das 100 vagas de emprego, 96 incluíam uma menção a habilidade em entrega e facilitação. Ao longo dos anúncios de emprego, a habilidade em entrega e facilitação variaram em sua aplicação. Por exemplo, uma postagem exigia uma certificação relacionada a treinamento e/ou experiência em um campo de treinamento. Outro usou o termo como parte do título do trabalho “Desenvolvedor de Treinamento”. Outro incluiu em sua lista de qualificações que o candidato deve ter “excelentes habilidades de apresentação e facilitação”. 

Empresas sabem que ensinar e aprender não são tarefas fáceis, nem mesmo baratas. Empresas com boa gestão de conhecimento são mais assertivas na sua abordagem com o design instrucional. Outras empresas começaram apenas hoje a buscar uma melhor estruturação para o desenvolvimento pessoal e profissional da sua equipe.  

Apesar da confusão inerente a qualquer começo do processo, é preciso comemorar essas iniciativas. Contudo, algumas empresas, pelos mais variados motivos, ainda não entenderam o que é o design instrucional. Sua busca por uma solução para um desafio que ainda não compreendem ajudam a confundir quem também está no início dessa jornada.  

Hoje produzimos mais informação do que conseguiremos acessar durante toda a nossa vida. Se o design instrucional parece confuso, pare, pense e procure um pouco mais sobre o tema. Quanto melhor o conhecimento de uma pessoa, melhor serão suas decisões.  

Lembre-se do conselho daquele professor importante na sua vida: se tiver uma dúvida, pergunte.  

Para saber mais 

Photo by Thomas Franke on Unsplash


  1. Na pior das hipóteses, param de passar vergonha anunciando vagas absurdas no LinkedIn.  ↩︎

  2. Andragogia é simplesmente uma palavra feia. Embora necessária do ponto de vista teórico, na prática, quando falamos de desenvolvimento de adultos preferimos trocá-la por termos como “experiência de aprendizagem”, “modelos de aprendizagem” e derivados porque é simplesmente mais bonito e moderno.   ↩︎

  3. AVA, LMS, VLE e LCMS são denominações diferentes a mesma coisa: ambientes de aprendizagem que podem ser acessados pela internet. Nos Estados Unidos é comum usar as siglas LMS, e no Brasil usamos AVA, a tradução.  ↩︎

Talvez eu seja a melhor opção para melhorar radicalmente seu design instrucional.

Sério. Considere estas estratégias primeiro – são mais fáceis: contratar mais designers, terceirizar seu conteúdo, economizar ainda mais no T&D ou apenas manter o status quo. Estas opções são mais simples do que ensinar sua equipe a adotar uma mentalidade para melhorar a performance!

Se você já tentou tudo isso e ainda anseia por mudança, então, vamos conversar.

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